sábado, 30 de janeiro de 2021

Morte de Um Piloto

Saí a toda a brida do Deck do Kittyhawk, com a potencia máxima que o meu Hellcat dispunha. A catapulta hoje fez-me sorrir, parece que a calibraram para ter mais força. 
Ainda não fechei a carlinga respiro o ar que a atravessa.
O Pacifico é lindo, e prateado.
O Sol é mais vermelho que o habitual.
A missão é proteger as forças navais de Midway do ataque dos zero e zekes do Akagi e ao mesmo tempo procurar proteger os torpedeiros que vão tentar afundar o Akagi.
Mas a verdade é que independentemente da missão só penso que a morrer, adoraria ter como caixão o pacifico.
A morte não é assim tão má quando o é por honra.
Não sou lirico como aqueles estúpidos que vêem gloria na morte. A honra já é outra coisa. 
De repente os auscultadores quase que me rebentam os timpanos quando o meu wingman quebra o silêncio de rádio e grita Tojo!!!
De facto às nove horas uma coluna de Nakajima B5N "Kate" ia em direcção a um destroyer. Atrás da coluna seguem dois "zero" a escoltar.
Tenho sede de sangue e dirijo-me imediatamente aos caças. E com uma rajada de balas sinto o tanque de combustível do primeiro zero a inflamar e explodir em mil pedaços.
À minha volta apercebo-me de explosões, os meus colegas entraram na contenda e estão numa dança macabra de morte que vai acabar na aniquilação dos bombardeiros japoneses.
De imediato concentro-me no outro zero e percebi que o piloto alarmado procura fazer uma manobra típica até porque o seu avião é muito mais manobrável que o meu pesado Hellcat.Descreve uma curva apertada. Ascendo e coloco-me atrás dele, falho a primeira rajada. Na segunda consigo desfazer a lona da cauda. Abranda, repito a rajada, e sei que desta atingi o piloto porque o avião dele abanou como que demonstrando dor por ele ter puxado a manche. Abrandou e de repente vi-me ao lado de um zero extremamente danificado, a arder e com a carlinga coberta com sangue. 
Vejo-lhe o rosto, estremeço não deve de ter dezoito anos. Sei que vai morrer. E porque é a morte de um piloto acompanho-o até se despenhar no azul pacifico. Saúdo-o e deixo-o ir. Vislumbro-lhe um sorriso. Morreu com honra no Pacifico. 
O rosto de criança dele não me abandona, era criança, morreu piloto.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Por Uma Noite

 

Toco-te na mão. 

Levo-te para o meu recanto. 

Já só penso em ver-te sorrir . 

Construo na noite uma muralha em nosso redor, seremos só nós. 

Esta noite serás minha, quero desenhar nas estrelas o teu nome. Por uma noite, puro prazer. 

Toco-te na mão.

Levo-te para o meu castelo de algodão doce. 

Quero esquecer o amanhã. 

Sinto os teus lábios a arder, corro a extinguir o fogo com os meus. 

Toco-te na mão. Entrego-te o meu ser, procuro reconhecer o teu corpo, colar-te a mim e esquecer o amanhã. 

No teu respirar, na tua pele tento vislumbrar sinais de amor. 

Entrelaço os meus dedos nos teus e reconheço-me no teu olhar. 

Murmuro o teu nome vezes sem conta. 

Eternizo a noite no teu sorriso. 

Conduzo-te nos meus braços ao mundo dos sonhos e adormeço ao teu lado na esperança de encontrar o teu corpo ali também. 

Por uma noite, puro prazer.

Adio o amanhã.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Inimigo

 


Sou o anjo negro que anseia por não o ser.
Desejo ser de luz e sinto que nada sou.
Apenas sinto que tudo o que faço e sinto é negro.
O inferno tem tentáculos que me sugam para as profundezas de uma escuridão sem precedentes.
Porque é que a vida não é simples?
Sinto-me o cavaleiro negro medieval que embora me guie por um código de honra talvez seja o código errado.
Por onde quer que vagueie verifico que vou sempre dar a um campo de batalha.
Já não quero combater mas o braço e o corpo não deixam que isso aconteça.
Será que é a alma e a mente que continuam sempre a batalhar mesmo em sonhos?
Quem sou afinal? Porque é que tudo em que toco se torna negro?
As sombras do passado perseguem-me, são fantasmas devoradores que me consomem a alma e a consciência.
Porque é que não vivo antes na luz como tanto almejo?
Luto contra tantos inimigos e nunca lhes vi o rosto, destruo e dizimo quem se aproxima do meu campo de batalha.
A verdade é que sempre lutei sozinho.
Luto contra um demónio escuro e forte que me arrasta para um fogo sem chama das gargantas de Hades.
Quero tanto ter uma armadura branca e outro código de Honra.
Nunca obtenho nada do campo de batalha, nem sequer o rosto de um inimigo, imagino que seja hediondo.
Um dia levantarei uma viseira e terei a coragem de contemplar quem me quer arrastar arrastar para o fundo.
O desespero para ser alguém para além de um Anjo negro é gigantesco e a luta dentro de mim é titânica.
Mais uma contenda que se aproxima e mais uma vez a minha velha armadura e corpo se embalam em mais uma dança de morte.
Por desdita sorte e num golpe arranco um elmo e vislumbro o rosto de um inimigo.
Atiro os joelhos por terra e choro as lágrimas arrancam-me a pele do rosto, verifico que o meu inimigo é imortal e sempre esteve presente em todas as batalhas. 
Em todos os cadáveres o rosto é sempre o mesmo, o meu rosto.
Eu sou o meu próprio inimigo, o meu próprio demónio e o meu próprio carrasco.
Sou o meu anjo negro, afinal o campo de batalha sempre foi dentro de mim.
Apercebo-me agora que terei de rezar a Deus para que me traga para a sua luz e faça de mim aquilo que sempre quis e nunca soube como fazer porque eu sempre fui o meu pior inimigo.

sábado, 24 de outubro de 2020

Despedida


 

Encontras-te envolta no vapor emanado pela locomotiva.

Ao longe observo o teu cabelo solto a brincar com as abas da tua gabardina. 

Os teus olhos verdes contrastam com o vermelho delineado e sensual dos teus lábios. 

Que bem que te fica essa gabardina entreaberta por onde resplandece o teu colo alvo e denunciando a perfeição dos teus seios. 

Tenho meia hora, vou partir, não sei por quanto tempo desta vez e muito menos sei o teor da missão. 

Estou a alguns metros de ti, mas parece que um oceano nos separa e os escassos passos que percorro a correr até ti estão a demorar séculos. 

Agarro-te no ar e volteio-te, aperto o teu peito contra o meu e sinto o teu coração a bater tão forte quanto o meu. 

Começo a sentir os nossos ritmos cardiacos a acertarem o passo. 

Beijo-te com todo o sangue a ferver, quero neste curto periodo de tempo transmitir-te a minha alma. 

Desde o primeiro momento que te vi que soube que eras única. 

Agora vou partir e apenas sei que vou embarcar no Yorktown e rumo a Midway. Tenho um péssimo pressentimento desta vez. Sinceramente não quero saber, tenho-te nos meus braços e beijo-te novamente.

 Entrego e deixo a minha vida nos teus lábios. 

O meu corpo seguirá para os céus do pacifico, mas a minha essência, essa, deixo-te a cada palavra a cada murmúrio e a cada beijo. 

Na única noite em que estivemos juntos consegui arrancar-te uma foto, agora, cada poro da minha pele, cada célula do meu corpo absorve a forma do teu corpo, o teu peso e o teu cheiro. 

A foto está no cockpit constantemente.

O teu corpo está impresso no meu. Sei que te amo com todo o meu ser. 

Não quero saber se morro, quero saber que nesta meia hora ao lado desta carruagem e envoltos em vapor os nossos corações se fundem numa longa e eterna jura de amor. 

Numa noite fomos amantes, em meia hora os eternos prometidos. 

Porque ao despedir-me de ti, o destino é o ferreiro que funde dois corações para a vida.

A composição arranca, observo-te na gare. 

Agora sei o impacto desta meia hora. 

Perdi metade do meu coração, vejo o meu amor a afastar-se e sinto a ausência dele no meu peito. 

Parou de bater. Sufoco com o nó na garganta. 

Ficaste com o meu coração agarrado ao teu

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O Poder Do Teu Beijo

 Rogo ao mar e à lua pelo poder balsâmico e renovador do teu beijo. 

Choro os minutos, as horas que passo sem ti.  

Fazes o que sou, transformas-me no sonho, sou a bruma que suavemente te povoa o pensamento.

Diluo-me por entre o pestanejar profundo do teu olhar. 

Instalo-me no teu sono e procuro fazer-te sonhar. 

Quero fazer-me sonhar com todo o amor que te dedico mesmo quando não estou. Toco ao de leve a tua consciência e procuro deixar-te o meu selo na alma. 

Porque te amo sou egoísta e desejo ardentemente tua essência para a eternidade. O poder do teu beijo apodera-se do meu corpo, revela-me sensações de desejo, luxuria. 

Enleio o meu corpo no teu, agarro os teus pulsos com o branco e puro lençol, parto para a aventura da descoberta do teu corpo nu

Beijo os teus lábios com ardor, mordo suavemente o interior dos teus lábios e com o que resta do lençol vendo os teus olhos. 

Num beijo longo e demorado envolvo a voluptuosidade maravilhosa do teu peito, anseio pelo teu prazer.

Venero o teu ventre prestando a homenagem de honra a algo que amo profundamente, o seres Mulher. 

A suprema capacidade da maternidade. 

Percorro o interior de seda das tuas pernas e delicio-me beijando delicadamente o teu centro de prazer. 

Almejo deixar-te extasiada de prazer e fazer-te sentir mulher vezes sem conta pela noite dentro. 

De manhã retorno a ser a bruma que procura novamente o teu pensamento. Anseio pelo ciclo de renovação no qual volto a sentir o poder do teu beijo. 


Porque te amo e sem ti sou nada.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Viagem de Mudança

O Sol desponta num sorriso, Sorriso de criança.

Sinto o calor no rosto e abandono os pensamentos que diariamente carrego.

É verão na alma. Dispo-me da pesada pele que carrego todos os dias. Removo as máscaras e refugio-me em mim. 

No âmago do meu ser encontro o refugio seguro. 

Livro-me de sentimentos negativos. 

Renego o que me fez mal. 

Livro-me das grilhetas impostas ao meu coração. Sou livre e empreendo nova jornada.

Num qualquer aeroporto embarco em nova jornada. Rumo a mim, rumo ao resto da vida. 

Choro por me separar de mim. 

Do que era e da falsa ideia de segurança. 

És forte razão de mudança. 

Tortuoso o caminho que se empreende para mudar. 

Cada passo em direcção ao futuro é incerto e doloroso Mas é alicerçado no núcleo do meu desejo da minha alma. 

A dor não será inútil, não é dor infeliz. 

A tua mão guia-me e conforta-me. 

Apenas desejo sentir a tua presença e assim sei que o caminho é para a frente. Sou um guerreiro da vida. 

E por ela, por mim, pela felicidade empreenderei esta jornada disposto a lutar se necessário. 

Alvoroço de mudança que hà muito almejava e como que numa alegoria da caverna, continuava acorrentado a ver as sombras passarem.

 Agora levanto os olhos e irei experenciar a feliz dor de novos conhecimentos, nova vida. 

Porque num sorriso descobri o Sol.

O Sol retirou-me das trevas e mostrou que era possível retirar as algemas e partir rumo a mim. Rumo a um novo eu. 

Um Sorriso devolveu-me a luz e a força.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Deixa-me Abraçar-te

Quando as nuvens negras vêm na tua direcção.
Quando os demónios não podem ser domados.
Quando as coisas parecem impossíveis e não sabes o caminho.
Quando os becos da cidade se fecham sobre ti e como que te oprimem.
Deixa-me retirar-te a dor, deixa-me sem qualquer palavra abraçar-te.
Deixa-me abraçar-te com Força.
Quando o amanhã não traz esperança e o céu não te traz boas novas.
Quando observas que o Sol não desponta e como que o coração quase não bate porque o peito o oprime.
Sabe que aqui estarei sem palavras a abraçar o teu corpo.
Tem a certeza que com o amor que desajeitadamente tenho por ti te aliviarei o bater do coração, porque o meu coração irá ensinar o ritmo da música ao teu.
Quando as sombras se apoderam da tua mente, eu serei a sombra que segue o teu corpo, puxando para mim aquelas que tiram o  brilho nos olhos.
Sou Como Orfeu que descerá ao submundo para te resgatar com o sorriso do amor, com o calor das minhas canções.
Deixa-me abraçar-te. Retirar-te-ei a dor mesmo sem as minhas palavras desajeitadas.
Vou retirar-te as correntes para que possas voar.
Dar-te-ei o meu fogo, das minhas cinzas renascerás minha Fénix.
Se o meu Suspiro. Se a minha vida te derem conforto.
Sabe que no derradeiro abraço te darei nova esperança, nova vida.
Porque apenas no desajeitado do meu ser sem me saber exprimir quero abraçar-te, retirar a dor. 
O Amor e Minha Vida te pertenceram sempre.
Sabe que mesmo sem me saber exprimir te elevarei aos céus.
Deixa-me Abraçar-te